Esses campeiros que todo dia
Encilham baios em comunhões
Deixam na terra marcas de casco
Andejam campos nas serrações
Batendo a marca pelas estradas
Onde se perdem imensidões
Buscam na fonte de água boa
Matar a sede dessas paixões
Só mesmo o tempo que apaga sonhos
E mostra à vida suas razões
Trascem a pressa, sem que se peça
Um sonho novo aos corações
E quando a lida lhes cobra força
Sentam suas garras, em redomões
Ranchando bastos, a campo fora
Gastam esporas pelos fundões
Esses campeiros que todo dia
Trocam suas vidas por ilusões
Floreando baios, gastando esporas
Merecem mais, que simples canções
Amontam potros, baguais, ventenas
Honrando a força dos seus garrões
E se sustentam no tirador
Soltando armada nas marcações
E cai a tarde por entre os cerros
Maragateando as amplidões
E cevam mates de erva buena
Contam histórias pelos galpões
E lembram versos e cantorias
Na parceria dos violões
As mãos campeiras semeiam notas
Por entre as primas e os bordões
A mesma noite que traz os medos
E os segredos de assombrações
Acende estrelas e olhos lindos
Brilhando tantas constelações