Charla De Tropa de Mauro Moraes

Letra da musica Charla De Tropa de Mauro Moraes

Charla De Tropa
Charla De Tropa

(Declamado)

E, bueno, bota palanque, peonada! "Pegá" os cavalos, dá uma
ajustadinha nas xergas, nos "basto", e vamos ao tranco pelo
campo, mimando o pago na estiva da lida, que arriba de nós o
coração observa e só aos "cavalo" relincha. Pois é, tchê! "Ma"
necessitamos do laço e se a manada anda na encerra, abrimos a
cancela, deixamos sair as tropilhas, que logo fazem família, cada
qual com sua madrinha. Eu, eu já nem sabia se a tropa era um
animal querendo ser muitos ou se muitos tentando ser um. Até
pensei meter firme com a teimosia dos mais fogosos e libertários
Ah! Bastava um grito de "volta, pingo!" e lá ficavam todos
maneados pela raiz. Na pampa ouve-se o ruído da tropa em
marcha, rumor de cascos com seus galopes, corcóvos,
queixumes, pechadas e salseiros, aumentando de tamanho,
definindo-se pelo entrevero de pelos e formas sob a luz
nascente do dia...

(Refrão)

No meu isolamento, enquanto o amanhecer ia fazendo sua obra,
Senti-me de repente triste, porquê? Talvez fosse uma parte do ofício,
Talvez um azar chateando o serviço ou talvez um pealo


Tapado de quebranto... Mas bah! Que tal? "tás loco"?


Querência, que troço, recém tinha apeado do baio negando o estribo
E me vinha esta distância desgraçada emponchar os
Meus olhos de lástima e lonjuras...

(Declamado)
E assim, igual a um floreio de gaita e um violão no cabrestro,
a vida foi me tapeando o chapéu e distraiu-me dos meus
pensamentos. Na passagem do rio, oscilando, a tropa assustada
atiçada na água, na corrente arisca, até sairmos na outra margem
com as cinchas gotejando e uma que outra tristeza enlameando
a bombacha temporana, surrada, mas buenaça pro trato
campeiro, onde balda o caseiro os aperos da alma, até
enxergar lá no pasto com as vistas unidas, a tropa toda
reunida, coitada, cansada, animalada, era só baba por sobre
o lombo, lambendo as feridas...

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