Meu Canto Selvagem de Telmo de Lima Freitas

Letra da musica Meu Canto Selvagem de Telmo de Lima Freitas

Meu Canto Selvagem
Meu Canto Selvagem

Sou taura dessa querência genuína
criado pelos garpão
de à cavalo nos tição,
índio bagual melenudo,
um destes xirú beiçudo
que só se banha sozinho
e pra dá louvado aos padrinhos
tem qu vim aos empurrão.

Me criei arrebentando cuião de bagual
aporreado metido a macho,
por que eu também sou louco criado guacho
desmamei sem tabuleta
fiz do dedão a chupeta
e tem por enfeite o ventena
carrapicho nas melena
e até bizorro nas venta
sou conhecido pelo toque da minha cordeona,
e esta cantiga redomona que trouxe à cabresto lá da biboca,
meu canto é xucro mas se dá logo a entendê
e só pela estampa se vê que tem que sê da Bossoroca

E é por isso que minha canção
tem uma linguagem campeira
traz o cheiro de garpão e a esterco de mangueira

Com este xucrismo que trago
eu canto meu pago
com amor e carinho
resgatando no canto que faço
as raíz em pedaço
que achei no caminho
meu canto que vem no reponte
é parido no campo
cheirando campim
qual o relincho de potro
e um touro que berra
escarbando terra
nos munchão de compim

Meu canto traz reminiscências
e não conhece maneia ou buçal
mas tem o jeito da minha querência
moda véia bem xucra e bagual
e esta vinte e quatro baixos
que vai repontando o segredo
é o xucro Rio Grande macho
que bufa e berra
na ponta dos dedos

Meu canto nasceu no borraio
no calor da cinza
do cerne de anjico
traz a marca
de um xirú monarca
do Rio Grande, antigo
teperado ao vapor da fumaça
no chio da chaleira
e o canto dos galo
meu canto bufa, fazendo rumor
rufo de tambor
nas pata do meu cavalo

Fui criado campo fora
retinindo a esposa, pelas madrugada
nas ronda de tropa, fui acrimatado
com os garrão rachado
curtido da geada
nasci e quero morrer na estância
domando e proseando com o bicharedo
meu canto é selvagem e não frouxa o garrão
pois tem a formação
desta pátria de São Pedro

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